Melhoramento Genético de Pinus Visando a Produção de Resina

MELHORAMENTO GENÉTICO DE PINUS VISANDO A PRODUÇÃO DE RESINA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Por: Priscilla Antonelli, MSc, Engª Florestal
O Brasil é o segundo maior produtor de resina do mundo, sendo as regiões sul e sudeste o maior polo de plantios florestais de espécies do gênero Pinus. Dentre as espécies do gênero Pinus, o P. elliottii é a principal espécie utilizada na produção comercial de resina, responsável por cerca de 64% da produção nacional. Recentemente, plantios do híbrido P. elliottii X P. caribaea vem ganhando destaque pela sua maior produtividade em biomassa, sem excluir a qualidade da resina, que se assemelha a dos seus parentais. É de consenso entre os pesquisadores que o caráter produção de resina é altamente herdável e permite um expressivo melhoramento genético mediante seleção criteriosa das matrizes produtoras de semente. Em P. elliottii, foi estimada a herdabilidade da produção de resina da ordem de até 90% no sentido amplo. A maioria dos povoamentos sob exploração de resina é constituída de material genético pouco melhorado, nesse aspecto, existe uma grande oportunidade para aumentar a produtividade nas próximas gerações, mediante avanços gradativos acumulados a partir da base genética atualmente disponível, conforme ilustrado na figura abaixo.
Figura 1 – Estimativa dos ganhos em produção de resina obtida em cada método de melhoramento genético usado e tempo necessário para cada etapa


(adaptado de FONSECA&KAGEYAMA, 1978)
Legenda:
  1. PO = Média da produção de resina da população original
  2. ACS = Área de coleta de sementes
  3. APS = Área de produção de sementes
  4. PSC = Pomar de sementes clonal
  5. CSAS = Coleta de sementes de árvores selecionadas
  6. PSM = Pomar de sementes por mudas
  7. P 1,5G = Pomar de sementes clonal de 1,5 geração
  8. P 2 G = Pomar de sementes clonal de 2ª geração

Nota-se pela tabela acima, que podemos ter expressivos ganhos em termos de produção de resina por meio do melhoramento genético, chegando a ganhos de 152% em relação a população original. Este método é essencial para a aquisição de sementes de qualidade, garantir povoamentos com maior produção e garantir o sucesso do programa de melhoramento, no entanto, é um método que exige tempo.
Outra forma de se obter ganhos de produção é por meio da clonagem de matrizes selecionadas com elevada produção de resina, podendo ser selecionada em qualquer uma das etapas do programa de melhoramento. Considerando que a clonagem de espécies florestais é comumente feita através do enraizamento de estacas, os efeitos da maturação (envelhecimento) da matriz, torna-se um grande obstáculo para o sucesso da clonagem, principalmente, devido à redução da competência ao enraizamento com o aumento da idade ontogenética ou maturação das matrizes. Uma vez que o material adulto é de difícil enraizamento, torna-se então, imprescindível a seleção precoce das matrizes para obtenção de sucesso na clonagem.
Já existem estudos desde o final da década de 80, como os trabalhos de Romanelli (1988) e Shimizu & Spir (1999), mostrando a efetividade da seleção precoce. Os pesquisadores relatam que a partir dos 4 anos de idade podemos ter uma boa seleção de matrizes com potencial produção de resina. A partir desta idade, existe uma forte relação da produção em fase juvenil com a sua respectiva produção em idade adulta, idade de exploração comercial de resina. Contudo, faltam mais estudos para desenvolver metodologias práticas de resinagem nestas árvores jovens, que possuem diâmetros pequenos para a instalação da resinagem comercial.
Neste contexto, percebemos que o grande desafio atual para o sucesso na clonagem em larga escala de Pinus sp. e híbridos, visando a produção de resina, é o desenvolvimento de métodos eficazes de seleção precoce de matrizes produtoras de resina e uma metodologia de enraizamento das estacas. Uma vez estabelecido estes métodos de clonagem, os ganhos de produção serão expressivos, podendo alcançar o patamar de 12 kg de resina por face em uma safra.
Por fim, o desenvolvimento da clonagem e dos programas de melhoramento, baseados principalmente na hibridação, devem ser os principais propulsores para o aumento de produtividade do setor resineiro, acarretando em plantios mais produtivos e homogêneos e garantindo a competitividade e a viabilidade do negócio a longo prazo.
Perfil - Priscilla Antonelli
Referências Bibliográficas
FONSECA, S. M.; KAYEAMA, P. Y. Melhoramento genético face à produção de resina. Circular técnica IPEF, Piracicaba, n. 36, p. 1-13, Mai. 1978.
ROMANELLI, R. C. Variabilidade genética para produção de resina associada às características de crescimento em uma população de Pinus elliottii var. elliottii Englem. na região de Itapetininga –SP. Dissertação de mestrado. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. 1988.

SHIMIZU, J. Y.; SPIR, I. H. Z. Seleção de Pinus elliottii pelo valor genético para alta produção de resina. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 38, p. 103-117, Jan./Jun. 1999. 

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