A resinagem de pinus no Brasil – Passado, presente e futuro

Laércio Couto PhD., engenheiro florestal, doutor em Ciências Florestais e diretor técnico da Tecflora lcouto@tecflora.com.br
ThannarBubna, Tecnólogo em Comércio Exterior e diretor da Tecflora para Produtos Não Madeireiros tbubna@tecflora.com.br

Crédito Laércio Couto
Crédito Laércio Couto
A resinagem é uma atividade florestal, com a finalidade de coletar um produto “não madeireiro” de florestas plantadas do gênero Pinus – a goma resina (ou oleoresina) que é uma matéria-prima natural base de uma extensa cadeia de produtos.

A resinagem de pinus no Brasil teve início na década de 70, quando uma empresa portuguesa resolveu estabelecer aqui as suas atividades em face da elevação do custo da mão de obra em Portugal. Naquela época, o Brasil era importador de breu e terebintina, derivados da destilação da goma resina, e as primeiras operações de resinagem tiveram início nos Estados de São Paulo e Paraná.
No início dessas operações no Brasil, os portugueses introduziram as mesmas técnicas e equipamentos que eram usados para o Pinus pinaster no seu País de origem, com a diferença de que aqui tal atividade se apoiou principalmente no Pinus elliottii, espécie originária do sudeste dos Estados Unidos. Desta maneira, aqui foi introduzido o uso de uma cuba sustentada por um prego e calhas de metal fixadas no tronco, estrias e uma solução estimulante contendo alta porcentagem de ácido sulfúrico.
A evolução
Com o passar do tempo e o uso das toras resinadas como matéria-prima para madeira serrada, ocorreram grandes danos nas serras fitas e circulares das serrarias que se utilizavam daquele material florestal. Isto levou os resinadores brasileiros a buscar uma alternativa para o sistema da cuba-prego-calhas na operação de resinagem.
O uso de sacos plásticos e de arames que os prendiam nas árvores resolveu este problema e as empresas de resinagem e os produtores rurais entraram em uma “zona de conforto”. Nenhum trabalho foi realizado no sentido de buscar novas tecnologias para facilitar a operação, aumentar o seu rendimento e, consequentemente, reduzir o custo de produção da goma resina de pinus.
Goma resina de Pinus caribaea var hondurensis - Crédito Laércio Couto
Goma resina de Pinus caribaea var hondurensis – Crédito Laércio Couto
Detalhes
O atual sistema de resinagem de Pinus no Brasil, chamado de sistema brasileiro, vigente há mais de 30 anos, compreende os seguintes passos ou etapas:
  • Escolha das árvores – a seleção das árvores a serem resinadas deve acontecer após o manejo florestal, primeiro desbaste e desrama, selecionando-se as árvores e faces a serem resinadas.
  • Raspa de casca – remoção do excesso de casca no perímetro de 60cm de altura e 25 cm de largura, a 20 cm acima do solo, onde ocorrerá a resinagem durante o ano-safra.
  • Instalação da face de resinagem. As etapas que consistem em:
-Fazer um sulco na casca para encaixe do saco plástico e arames;
-Amarração para fixar o saco plástico.
  • Abertura da estria:faz-se uma primeira estria de direcionamento e aplica-se a pasta estimulante, servindo de modelo para as estrias subsequentes.
  • Estrias ou renovas:cortes periódicos com uma ferramenta especial, no sentido ascendente, com aplicação de pasta estimulante, geralmente com intervalos de 10 a 15 dias entre uma estria e outra.
  • Coleta ou colheita:remoção da resina dos sacos plásticos para um balde de 20 litros, e posteriormente para um tambor de 200 litros, para ser comercializado. Coloca-se neste tambor um saco plástico internamente para evitar vazamentos e oxidação da resina. A coleta é realizada manualmente.

Laércio Coutoe ThannarBubna, diretores da Tecflora ao lado de pinus com resinagem - Crédito Arquivo pessoal
Laércio Coutoe ThannarBubna, diretores da Tecflora ao lado de pinus com resinagem – Crédito Arquivo pessoal
Técnicas
Algumas etapas “pré-operacionais” devem ser realizadas antes da instalação, como a confecção das embalagens, que envolve o corte dos arames, amarrando-os no saco plástico com frutos de eucalipto, para poder então levá-los ao campo.
A Tecflora tem atuado em parceria com algumas empresas na pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e técnicas de resinagem, para melhorar a produtividade e facilitar as operações.
No caso de Pinus tropicais, como o Pinus caribaea var hondurensis, que possui uma casca mais grossa e dura, a primeira operação é a raspagem do tronco, sendo obrigatória, pois sem ela fica muito difícil fazer as estrias.
Uma nova técnica foi introduzida neste caso, iniciando-se a raspagem a uma altura de 60 a 80 centímetros a partir da base do tronco, local em que a casca tende a ser mais fina.
Para fixar as sacolas no painel de resinagem, ao invés de arames, outras soluções foram desenvolvidas. Na Colômbia, por exemplo, no projeto LasGaviotas, e em Portugal, não são utilizados arames para sustentar os sacos plásticos nas árvores em processo de resinagem. O sistema utilizado é o grampeamento dos sacos.
Esse método está sendo usado pela ResinMinas, na Zona da Mata de Minas Gerais, com modificações, grampeando a sacola sobre o lenho em uma faixa em que a casca foi removida, e envolvendo a colocação de uma fita de tecido de propileno dentro da dobra superior do saco plástico para facilitar a remoção dos grampos por ocasião da elevação dos recipientes.

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